Hoje | 20h30 às 21h30
Sesc Londrina Cadeião
A relação entre artes cênicas e povos indígenas é um espaço que vem sendo aberto por artistas indígenas e não indígenas em diferentes regiões do Brasil. Essa relação traz uma série de questões sobre o lugar histórico do teatro e da dança enquanto instrumentos de colonização ou ainda a partir da observação de diversos espetáculos e manifestações culturais que reproduzem estereótipos em relação aos povos indígenas. Água redonda e comprida é um espetáculo de dança contemporânea que demarca o local do palco também como territorialidade indígena, como espaço para contar histórias dos mais antigos, para fortalecer o conhecimento do Povo Kaingang, para alertar sobre o presente e futuro através de histórias do passado e das relações que estabelecemos com todos os seres do cosmos, principalmente as águas. O Povo Kaingang é um dos mais populosos do Brasil compreendendo, sua territorialidade, os estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Possui uma história de muita resistência, principalmente em função de aprisionamento em pequenos territórios, escravização e proibição da língua materna Kaingang. Essas políticas de embranquecimento e confisco de terras faz pesar ainda hoje a ideia de aculturação sobre os povos indígenas do Sul.
Sobre o Coletivo Água Redonda e Comprida
Porto Alegre-RS
A parceria entre Geórgia Macedo, Iracema Gah Teh, Angélica Kaingang e Nayane Gakre iniciou em 2015 em projetos de arte e educação. Nesse espetáculo, caminham juntas para fortalecer os conhecimentos sobre as águas desde a perspectiva Kaingang, demarcar os palcos com corpos e narrativas indígenas, bem como provocar os imaginários projetados sobre os povos indígenas do sul do Brasil. Para isso, convidam Kalisy Cabeda, que traz seu olhar para a criação priorizando o desenvolvimento do corpo cênico das intérpretes e suas dramaturgias físicas, além de uma equipe diversa de artistas do teatro, da dança, das artes visuais e da música para contribuir com os diferentes aspectos artísticos que compõem esse trabalho. Esse coletivo de artistas foi composto para a criação de uma obra que reúne linguagens narrativas, cênicas, visuais, da dança e da música para traduzir em imagem, som, sensação e coreografia um pouco sobre a Cosmovisão Kaingang sobre as águas. As intérpretes percorrem imagens, signos, estados corporais, conduzindo o espectador ao mergulho sobre as águas e suas histórias.