Sesc PR
Paraná
Cultura: Cinema
Cultura: Cinema

Masterclass de André Novais no Sesc Centro aproxima público de sua trajetória e do cinema brasileiro

Uma sexta-feira para celebrar o cinema brasileiro contemporâneo. Com casa cheia o Sesc Centro promoveu a masterclass: Vivão e vivendo – trajetórias no cinema e na vida, com o cineasta mineiro André Novais, no dia29 de agosto. A iniciativa do Departamento Nacional do Sesc reuniu um público diverso para ouvir as histórias, inspirações e processos criativos de Novaes, que integra a produtora Filmes de Plástico, cujo repertório cinematográfico tem curtas como o premiado Fantasmas (2010) e longas como Ela volta da quinta (2014) ,Temporada (2018) e o Dia que te conheci (2023).

“Ao longo do ano o Sesc realiza a Retrospectiva Brasil. A partir de uma curadoria coletiva, envolvendo os departamentos regionais que participam do projeto, escolhemos anualmente um cineasta para fazer uma circulação de sua obra. Licenciamos grande parte da filmografia dele pelo CineSesc e organizamos sessões nos estados participantes, criando oportunidades de diálogo entre o público e os filmes”, pontuou o analista de Cultura do Departamento Nacional do Sesc, Lorran Dias.

A escolha do André Novais se deu por sua relevância nacional e internacional, e pela força afetiva de seu trabalho. “O afeto está presente não só na estética de seus filmes, mas também no modo de produção: é possível perceber nas imagens a presença de familiares, amigos, bairros e paisagens de onde ele vive. Isso tem um grande potencial de inspirar o público do Sesc, sobre tudo aqueles que têm interesse em fazer cinema, mostrando que família, amigos e o cotidiano também podem ser matéria de cinema”, completou Dias.

No Paraná, André Novais circulou pelas unidades do Sesc em Bela Vista do Paraíso , Maringá, Londrina (Cadeião Cultural) e Ponta Grossa (Estação Saudade), com a masterclass. Também foram realizadas mostras de filmes do diretor em unidades como o Sesc Paço da Liberdade, em Curitiba.

A masterclass

André compartilhou com o público lembranças pessoais e profissionais que marcaram sua caminhada no cinema. Natural de Contagem (MG),contou que a paixão pela sétima arte nasceu ainda na adolescência, frequentando mostras em Belo Horizonte e estudando na Escola Livre de Cinema. “Desde adolescentes, eu e meus amigos já fazíamos filmes. Em 2009 rodamos Fantasmas, meu primeiro curta dentro da produtora, que chegou ao Festival de Tiradentes em2010. Desde então estamos juntos, criando e aprendendo”, relatou.

Ele falou também sobre a relação entre sua vida familiar e suas obras. O longa Ela Volta na Quinta (2014) teve como protagonistas seus próprios pais e irmão. “Minha mãe faleceu em2018, e quando sentimos saudade dela, ao invés de ver uma foto, assistimos a um filme. É um jeito muito particular de manter a presença dela conosco”, compartilhou.

Outro destaque foi o longa Temporada (2017), inspirado em sua experiência como agente de saúde no combate à dengue. O filme mistura atores profissionais e não profissionais, reforçando a busca por naturalidade em cena. André ressaltou a importância da preparação minuciosa, com decupagem prévia, diário de bordo e registros durante todo o processo criativo: “Isso dava mais segurança para a equipe e me ajudava a pensar o filme em cada etapa, até a estreia”. Para ele, estudar e assistir o cinema brasileiro é fundamental. “É preciso assistir filme brasileiro para entender o cinema brasileiro. A cinefilia mineira, o Cinema Novo e o cinema marginal influenciaram muito meu modo de ver e de fazer”, destacou.

Ao final, o cineasta comentou sobre seu longa mais recente, O Dia em que Te Conheci (2023), e sobre o papel recorrente do humor e da música em suas obras. “O humor é muito complexo. Às vezes é consciente, outras acontece de forma intuitiva. A música, por sua vez, atravessa os filmes e amplia a identificação do público”, disse.