Dalton Trevisan [1925–2024] articulou fragmentação, reescrita e rearranjos e forjou seu próprio universo literário, sem curvar-se à exposição midiática e distrações sociais. Produziu uma obra radical e única dentro da literatura brasileira. Neste ano que marca o seu centenário de nascimento, vem sendo tema de vários projetos e homenagens e terá sua obra completa reeditada pela Todavia.
Os festejos do centenário incluem a exposição Dalton Trevisan – Espião de almas, que mostra pela primeira vez edições raras doadas pelo autor à instituição, em 2023, e itens inéditos do Arquivo Dalton Trevisan, sob a guarda e gentilmente emprestados pelo Instituto Moreira Sales [IMS].
Quem se aventurar nesse labirinto ficcional, encontrará o enfant-terrible editor da revista Joaquim e de caderninhos artesanais que antecederam o conceito de poesia marginal dos anos 70; o colaborador da Pasquim e alvo da censura; criador obsessivo de contos, fichamentos, listas de palavras, correspondências e diários. Sempre à espreita, incorporou à obra trechos de canções e filmes, o cânone literário e a violência retratada em jornais e processos jurídicos. Nunca parou de se renovar. Vampirizou o mundo ao redor.
Espião de almas, eis o contista.