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Leituras afetivas: cinco livros por Luiz Andrioli

Como parte do projeto Leituras Afetivas, o Sesc Paraná conversou com o escritor e jornalista Luiz Andrioli, que compartilhou as obras que ajudaram a moldá-lo como leitor e autor. São leituras que formam um grande mosaico literário, criando um cenário plural e bastante convidativo.

Leia abaixo as cinco indicações literárias de Luiz Andrioli

Listar preferências é sempre um risco. Volátil como nossos desejos, essas escolhas podem mudar de uma hora para outra. Por sorte, o papel (ou a tela) pode cristalizar ao menos o retrato de um momento frente ao dead line da entrega do texto. Procurei escolher livros que funcionaram como um portal, uma abertura para outros tantos livros que eles me apresentaram. Portanto, o que temos aqui é uma espécie caleidoscópio literário, uma breve lista que se multiplica em tantas outras. Apurando bem a visão, é possível me encontrar no fundo da soma de todas imagens provocadas por essas obras, bem no cantinho.

A Ilha perdida – Maria José Dupré

Quando criança, li muitos livros de Série Vaga-Lume, da Editora Ática. Um dos textos que mais me marcaram foi este da escritora Maria José Dupré, publicado pela primeira vez em 1944. A história conta as aventuras de Eduardo e Henrique ao decidir explorar uma ilha com uma velha canoa. Mais tarde, este livro me levaria a me interessar por outro também fundador na minha personalidade de leitor, que é o Robinson Crusoé, do Daniel Defoe.

A arte cavalheiresca do arqueiro zen – Eugen Herrigel

Este livro me foi apresentado por um professor de teatro na escola quando eu era adolescente.  É uma história bastante simples, na qual o narrador descreve sua experiência ao praticar o arqueirismo no Japão. No entanto, a prática é imbuída pela filosofia zen, mostrando para o leitor que acertar o alvo não é o objetivo final do esporte, mas sim consequência de todo o aprendizado interno que a filosofia lhe traz. Para mim, já um aprendiz de escritor naqueles anos, a comparação com a atividade literária foi imediata.

O Vampiro de Curitiba – Dalton Trevisan

Conheci Dalton Trevisan primeiramente pelo texto “Uma vela para Dario”, publicado em uma apostila didática no ensino médio. Depois, passei a me interessar muito pelo autor ao assistir dezenas de vezes o espetáculo “O vampiro e a polaquinha”, nos anos 1990, em Curitiba. Em 2010 eu viria a publicar o livro “O silêncio do vampiro”, fruto do meu mestrado em Letras na UFPR, no qual estudei a obra de Dalton. De todos os livros dele, o que mais me marca até hoje é “O vampiro de Curitiba”, publicado pela primeira vez em 1965. A condição de Nelsinho, esse algoz que é vítima do próprio desejo, traduz muito – para mim – da nossa condição humana.

Teatro completo – Nelson Rodrigues

Ainda na adolescência, ganhei um vale-livros da escola como prêmio por ter vencido um concurso de dramaturgia. Comprei com ele um dos volumes do Teatro Completo de Nelson Rodrigues da Editora Nova Fronteira. Fiquei muito tocado com o texto “O beijo no asfalto”, com a trama que gira em torno de um homem que cede ao último desejo de um outro homem, o qual pede um beijo antes de morrer vítima de um atropelamento. O sensacionalismo da imprensa e o julgamento da sociedade perante o protagonista são marcantes.

Fama e Anonimato – Gay Talese

Gay Talese e sua precisão nos detalhes, reforçando as narrativas humanas, trouxe para mim o universo do Jornalismo Literário na época em que estudava jornalismo. Seu “Fama e Anonimato”, publicado pela Companhia das Letras, abriu as portas para conhecer outros autores que se dedicaram à literatura de não ficção, tais como Norman Mailer, Truman Capote e tantos outros.

Sobre Luiz Andrioli

Luiz Andrioli é jornalista, escritor, dramaturgo e empresário. Autor dos livros O Circo e a Cidade: histórias do grupo circense Queirolo em Curitiba (2007), A Menina do Circo (2008), O Laçador de Cães (2012), O Silêncio do Vampiro (2013) e Crônicas do Varal da Casa ao Lado (2019).