18/08/2025 | 20h
Sesc Maringá
Mãe Beth de Oxum e Surama Ramos & Henrique Albino: ancestralidade, tradição e vanguarda musical
O Coco de Umbigada é uma tradição mantida pela família do percussionista pernambucano Mestre Quinho desde o século passado. A brincadeira foi revitalizada há 26 anos com a entrada de Mãe Beth de Oxum, ialorixá, mestra coquista e ativista cultural de Olinda, que se casou com Quinho e reativou o antigo tambor de macaíba, promovendo novamente o coco. Nos palcos e nas gravações, além de Mãe Beth e Mestre Quinho, participam seus filhos Oxaguian, Ialodê, Mayra Karê e Inayê. O grupo lançou um disco independente em 2008 e, em 2017, o álbum Tá na Hora do Pau Comer, que resultou em turnês pelo Brasil e Europa, com casas lotadas e aclamação da crítica.
Situado no Beco da Macaíba, no bairro do Guadalupe, periferia do Sítio Histórico de Olinda, o Coco de Umbigada celebra a tradição mensalmente, convidando outros artistas e formando novas gerações de mestres e brincantes. As letras e falas de Mãe Beth de Oxum promovem a valorização da cultura popular, o combate à discriminação, o respeito às religiões de matriz africana e a defesa dos direitos dos jovens da periferia. A casa da família é também sede do Coco, Ponto de Cultura, e abriga a Rádio Comunitária Amnésia, instrumento de difusão da música e das pautas sociais que o Coco trabalha de forma artística. Participar de uma sambada do Coco de Umbigada é testemunhar uma celebração que vai além do movimento físico da dança: é a ancestralidade negra em festa, um processo contínuo de aprendizagem, inclusão e formação promovido por Mãe Beth e sua família.
Surama Ramos e Henrique Albino representam a vanguarda musical pernambucana. Surama, dona de uma voz versátil, se destacou desde a infância e aprofundou sua formação em canto lírico e música na UFPE, participando de óperas, corais populares como o Voz Nagô, idealizado por Naná Vasconcelos, e projetos inovadores, como a Orquestra Contemporânea de Olinda. Albino, multi-instrumentista, compositor e arranjador, vem se consolidando como referência experimental, destacando-se pelo álbum solo Música Tronxa (2021), criando uma ponte entre o erudito e o popular.
Juntos, eles lançaram o disco SH (2024), rompendo paradigmas e modernizando a cena brasileira, enquanto exploram arranjos sofisticados e inéditos que dialogam com suas heranças culturais. Ambos também atuam como compositores, arranjadores e preparadores musicais, mantendo a tradição da cultura popular viva de forma contemporânea.
Mãe Beth de Oxum e Surama Ramos & Henrique Albino, lado a lado no palco, oferecem ao público uma experiência que une tradição, ancestralidade e inovação musical, celebrando a diversidade sonora de Pernambuco e a força da cultura afro-brasileira.