Todos os dias | 9h às 21h
Sesc Maringá
“A memória é uma ilha de invenção – diálogos com a poética de Waly Salomão” surgem do encontro com o livro Me segura qu’eu vou dar um troço (1972), em especial o poema Apontamentos do Pav. 2, de 1971, escrito por Waly durante sua detenção no presídio Carandiru. Ao longo do texto, o poeta se envolve em reflexões sobre a natureza do ser e do corpo, o confinamento e a produção poética. Com o crescente interesse pelos temas recortados na obra de Waly, me aprofundo na leitura e cruzo caminho com a frase a memória é uma ilha de edição, que abre o poema Carta aberta a John Ashbery, integrante do livro Algaravias: câmara de ecos, de 1996. No texto, o poeta trabalha com o apagamento dos momentos vividos, o desaparecimento dos sentidos, a lembrança das cores e perfumes. Aqui, os fios encontrados ao longo das investigações se unem: a memória do próprio rosto, dos lugares de afeto, dos objetos referências escapam, escorrem e se incendeiam. E nesses desaparecimentos, a ilha de edição se torna ilha de invenção. O impacto das leituras da obra de Waly então reverberaram na produção de pinturas, poemas e objetos, onde as noções de identidade, corpo e memória são a matéria inquietante, que exige reflexão e produção.
A ação compõe a programação da 44ª Semana Literária Sesc & Feira do Livro, que tem como tema central “Cidades literárias”. A participação é gratuita.
Alessandro Corrêa é artista visual e professor mineiro residente na cidade de São Paulo. Sua trajetória como artista se inicia na prática de desenho e na produção de curtas-metragens em animação no início dos anos 2000. Em 2020, porém, amplia seu repertório técnico retornando à produção de pinturas e objetos. Em seu trabalho, Alessandro procura refletir poeticamente, por meio do recorte da experiência Queer, o corpo em suas instâncias biológica, identitária e inconsciente: organismo capaz de simbolizar a falta, representar o luto, elaborar inquietações e, principalmente, dizer de si.