A saúde renal é fundamental para o bom funcionamento do organismo. O que muita gente não sabe é que doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, podem ter um impacto significativo sobre os rins. Essas condições aumentam o risco de insuficiência dos órgãos, o que reforça a necessidade ampliar o acesso às informações sobre o tema e investir em ações de prevenção.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 40% das pessoas com diabetes desenvolvem algum grau de insuficiência renal. A doença renal diabética, também conhecida como nefropatia diabética, é progressiva e, se não tratada, pode levar à necessidade de diálise ou a um transplante renal.
Quando os níveis de glicose no sangue estão descontrolados, o excesso de açúcar circulante pode danificar os vasos sanguíneos dos rins, prejudicando sua função. Ana Luisa Campanholo, médica nefrologista, explica quais complicações os pacientes podem ter. “O aumento da glicose no sangue, que é uma decorrência do diabetes mellitus, provoca alterações na microcirculação dos rins. Com o tempo, isso pode levar a lesões nos glomérulos, as unidades filtrantes dos rins, o que causa perda de proteína na urina. Em estágios mais avançados, evoluem para redução da função renal”, destaca.
Os sinais iniciais que indicam que o diabetes está prejudicando os rins podem incluir microalbuminúria, que é a presença de pequenas quantidades de proteína na urina, e em estágios mais avançados percebe-se macroalbuminúria, presença de quantidades maiores de proteína na urina e piora de função renal através do cálculo de taxa de filtração glomerular com a dosagem no sangue de creatinina.
Adotar hábitos saudáveis é fundamental para evitar complicações. “Mudanças no estilo de vida, como adoção de uma dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos, controle do peso e abandono do tabagismo, são fundamentais. Estas mudanças causam redução da inflamação nos rins e melhoram a sensibilidade a insulina e isso ajuda a proteger os glomérulos”, explica Ana Luisa.
Ana Luisa também ressalta que existem estudos que demonstram que o controle rigoroso da glicose no sangue pode retardar ou até prevenir a progressão da nefropatia diabética, reduzindo o risco de complicações renais a longo prazo. “Estratégias eficazes incluem o controle do diabetes mellitus em tratamento individualizado caso a caso. Nos últimos anos, foram desenvolvidos medicamentos que têm efeitos renais protetores, o que pode reduzir a perda de proteína na urina e reduzir a velocidade de progressão da nefropatia diabética”, explica.
Hipertensão: um risco aumentado para os rins
A hipertensão, ou pressão alta, é outra condição que está intimamente ligada à saúde renal. Uma condição elevada pode danificar os vasos sanguíneos nos rins, dificultando o fluxo sanguíneo e prejudicando a filtragem dos resíduos do corpo. A condição faz com que os rins trabalhem mais para tentar eliminar as toxinas, o que, ao longo do tempo, pode resultar em danos permanentes.
Estima-se que cerca de 20% das pessoas com hipertensão desenvolverão insuficiência renal crônica. Essa condição pode ocorrer lentamente, sem sintomas evidentes nas fases iniciais, o que torna o monitoramento da pressão arterial crucial para a prevenção de danos renais.
Prevenção e cuidados essenciais
Prevenir ou retardar o desenvolvimento de doenças renais relacionadas ao diabetes e à hipertensão envolve uma série de cuidados. A adoção de hábitos saudáveis, como manter a pressão arterial sob controle, controlar os níveis de glicose no sangue, ter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo, é fundamental para a saúde renal. “Estas mudanças causam redução da inflamação nos rins, melhoram a sensibilidade à insulina e isso ajuda a proteger os glomérulos”, completa Ana Luisa Campanholo.
Além disso, é essencial realizar exames periódicos para monitorar a função renal, como a dosagem da creatinina e a análise de proteínas na urina. O diagnóstico precoce de problemas renais permite iniciar tratamentos antes que a insuficiência renal se torne irreversível.