A Doença Renal Crônica (DRC) é um problema de saúde pública que afeta a população de todas as idades. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que no mundo 850 milhões de pessoas tenham doença renal, decorrente de diversas causas. Entre os fatores que podem dificultar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, está a desinformação. Ficar atento às informações corretas pode fazer toda a diferença na vida de quem está em risco. Por isso, separamos alguns mitos e verdades sobre a DRC.
A Doença Renal Crônica só afeta pessoas idosas?
Mito! Embora a prevalência de DRC aumente com a idade, a doença pode afetar pessoas de todas as faixas etárias. Fatores como hipertensão, diabetes, histórico familiar e obesidade são condições que podem contribuir para o desenvolvimento da doença renal, independentemente da idade. “Em linhas gerais, pacientes idosos têm um risco maior de desenvolver a DRC por já terem vivido mais e terem já experimentado, muitas vezes, outras doenças crônicas. Porém, os pacientes jovens podem desenvolver a DRC. Doenças hereditárias, doenças glomerulares não ligadas à diabetes, por exemplo, podem vitimar esses pacientes, trazer complicações, e a identificação precoce desses indivíduos é fundamental para o tratamento adequado”, explica Sérgio Bucharles, médico nefrologista da Fundação Pró-Renal.
Beber muita água evita a Doença Renal Crônica?
Não é bem assim! Beber água de forma adequada é importante para a saúde renal, mas não é uma garantia de prevenção da DRC. A doença renal crônica é frequentemente causada por outras condições de saúde, que afetam diretamente os rins. Embora a hidratação seja fundamental para o bom funcionamento dos rins, a prevenção da DRC envolve um acompanhamento rigoroso de fatores de risco, como monitorar a pressão arterial e controlar o diabetes.
Pessoas sem histórico familiar de doenças renais podem desenvolver DRC?
Verdade! Embora o histórico familiar de doenças renais seja um fator de risco, a Doença Renal Crônica pode afetar qualquer pessoa. A hipertensão e o diabetes são as principais causas da doença, e muitas pessoas com essas condições podem não ter um histórico familiar de problemas renais. O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico regular são essenciais para controlar essas doenças e evitar a progressão para a DRC.
A DRC pode avançar de forma silenciosa?
Verdade! Nos estágios iniciais, a Doença Renal Crônica pode ser silenciosa, o que significa que a pessoa nem sempre percebe que está com a função renal prejudicada. Os sinais de alerta, como inchaço nos pés e tornozelos, cansaço excessivo e diminuição da quantidade de urina, muitas vezes surgem apenas quando a doença já está mais avançada. Por isso, é fundamental fazer exames periódicos. “Como em qualquer aspecto geral de saúde, a identificação precoce das doenças é importante. Muitos indivíduos não sabem que apresentam doença renal crônica porque ela evolui nas fases iniciais de forma totalmente assintomática. Então, é necessário que esses exames preventivos sejam feitos. São exames simples, que são garantidos inclusive pelo sistema público de saúde”, ressalta Sérgio Bucharles.
Só ajustar a dieta evita do risco de desenvolver Doença Renal Crônica?
Mito! O tratamento nutricional depende do estágio da doença e das necessidades individuais de cada paciente. Uma dieta balanceada, com a redução do consumo de sal, proteínas e potássio, por exemplo, pode ser recomendada, mas é importante que o acompanhamento seja feito por um nutricionista especializado, que irá orientar sobre a melhor forma de equilibrar os nutrientes sem prejudicar a saúde renal. Mas, isso não é o único fator que irá reduzir os riscos de desenvolver a DRC. “A Organização Mundial da Saúde e as diversas especialidades e sociedades nacionais recomendam que todos nós façamos, no mínimo, 150 a 180 minutos por semana de atividades físicas regulares. Isso pode envolver caminhadas, atividades em academia, natação, hidroginástica, ou seja, sair de casa, se movimentar. Tudo isso é importante para a prevenção de diversas complicações crônicas de saúde”, reforça Bucharles.
Não tem cura para a Doença Renal Crônica?
Verdade! A DRC não tem cura, mas pode ser controlada. O objetivo do tratamento é retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento inclui o controle das doenças que contribuem para a DRC, além de medidas para manter a função renal o maior tempo possível. Em estágios avançados, pode ser necessário iniciar a diálise ou considerar um transplante renal. “Graças à pesquisa científica, às pesquisas médicas e o apoio da indústria farmacêutica, foram desenvolvidas diversas medicações diferentes que trouxeram um impacto significativo no retardo da evolução da doença. Então, hoje, um paciente que se identifica como renal crônico não necessariamente vai evoluir para uma perda definitiva da função e acabar indo parar em terapia renal substitutiva”, explica Sérgio.
A Doença Renal Crônica exige atenção e cuidados constantes. Buscar as informações corretas e adotar bons hábitos são passos essenciais para cuidar da saúde e garantir um futuro mais saudável.