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Saúde e Alimentação: Educação em Saúde
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Da diálise à Liga dos Atletas Transplantados: conheça Ramon Lima

Em 2008, a vida de Ramon Lima, atualmente com 43 anos, mudou completamente. Em um exame de rotina, ele descobriu que tinha Glomerulonefrite, um grupo de doenças que inflamam os glomérulos dos rins e prejudicam a filtração do sangue. Sua jornada de luta e superação se transformou não apenas em um exemplo de resistência, mas também em um legado para outras pessoas que enfrentam a mesma realidade. Ele é um dos fundadores da Liga dos Atletas Transplantados do Brasil (Liga Tx), que tem o objetivo de dar visibilidade aos atletas que, assim como ele, vivem bem após um transplante de órgão.

Depois de descobrir que tinha a função renal comprometida, Ramon iniciou o tratamento de diálise peritoneal, um procedimento menos desgastante do que a hemodiálise. A técnica permite a realização do tratamento em domicílio, proporcionando maior autonomia ao paciente. Ele conta como foram os seus dias. “Foi um processo. Desde a descoberta, os médicos buscaram me orientar que era uma doença crônica e progressiva. Ao ter certeza do transplante, ficou menos pesado, mas não fácil. Pude realizar a diálise em casa e isso me trouxe uma qualidade de vida melhor. Mas foi um processo de entendimento e muitas dúvidas quanto ao futuro”, explica.

Mesmo com o bem-estar proporcionado pela diálise, a espera pelo transplante foi longa. Foram 10 anos aguardando por um doador compatível. Um período de muitas incertezas e desafios para o professor de educação física que sempre teve uma rotina ativa. Em 2018, a tão esperada doação se concretizou e Ramon recebeu o novo rim. A cirurgia deu início a uma nova fase em sua vida. “O esporte sempre fez parte do meu dia a dia. Inclusive, meu sonho de criança era ser atleta e somente com o transplante eu pude me tornar um. Através do esporte, eu pude conhecer outras partes do Brasil e do mundo, além de poder usá-lo como uma ferramenta para divulgar a doação de órgãos”, destaca.

Inspirando outras vidas

Hoje, com saúde renovada e mais energia, Ramon compartilha sua história com outros atletas transplantados, utilizando sua experiência para motivar e inspirar aqueles que enfrentam os mesmos obstáculos. A Liga dos Atletas Transplantados do Brasil (Liga Tx), da qual é um dos fundadores, oferece apoio a quem busca se manter ativo no esporte após o transplante.

Criada no início de 2022, a Liga Tx é composta por atletas brasileiros transplantados de fígado, rins, pulmão, pâncreas, coração e medula óssea. Um dos critérios estabelecidos pela organização para competição é que os atletas tenham entre 4 e 80 anos, tenham recebido o transplante há pelo menos um ano e estejam clinicamente aptos para participar.

Ramon reafirma que o esporte é uma poderosa ferramenta de reabilitação física e emocional. Sua missão é garantir que mais pessoas se sintam motivadas a viver plenamente. Ele conta as principais competições que já participou. “A maior foi o World Transplant Games (WTG 2023), na Austrália, onde pude representar o Brasil e trazer 2 medalhas de bronze. Esse ano, participarei da Copa Master de Atletismo em João Pessoa-PB e o meu segundo mundial (WTG 2025) em Dresden, na Alemanha, em agosto”.

Ramon é um exemplo claro de que, com força de vontade e apoio adequado, a vida pós-transplante pode ser repleta de conquistas e superações. Para ele, a maior vitória não foi apenas receber o transplante, mas ajudar a mudar a percepção sobre a vida após o procedimento, mostrando que a recuperação pode ser tão inspiradora quanto qualquer grande vitória esportiva.

Doe órgãos, salve vidas

A trajetória de Ramon é um reflexo do impacto positivo que a doação de órgãos pode ter na vida de muitas pessoas. Para que mais histórias como a dele possam ser escritas, é fundamental promover ações que contribuam para o aumento de doadores de órgãos.

Uma forma de garantir que a sua decisão seja respeitada é registrar a vontade de ser doador(a) de órgãos em cartório. Embora a autorização final para a doação precise ser dada pela família, esse registro pode facilitar o processo e proporcionar mais segurança quanto à decisão tomada, uma vez que o documento deixa clara a sua intenção. Além disso, é importante também informar aos familiares sobre a sua escolha, pois, em caso de necessidade, o consentimento familiar é fundamental.

Ao se registrar como doador, você pode ajudar a salvar vidas e possibilitar que outras pessoas, como Ramon, tenham uma nova chance de viver plenamente.