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Saúde e Alimentação: Nutrição
Saúde e Alimentação: Nutrição

Gordura trans nos alimentos e as novas regras para a indústria

Desde o dia 1º de julho de 2021, começaram a valer as regras de redução e eliminação da gordura trans durante produção de alimentos no Brasil. Ao mesmo tempo em que a nova resolução entrou em vigor, completou 18 anos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que as gorduras trans deveriam representar no máximo 1% das calorias que ingerimos diariamente.

A nova regulamentação (RDC nº 332 de 2019) estabelece duas fases para as novas regras: a partir de 1º de julho, a quantidade de gorduras trans não pode ultrapassar 2% da gordura total nos alimentos; e a partir de janeiro de 2023, fica proibido o uso de óleos e gorduras parcialmente hidrogenadas em alimentos.

Estima-se que o consumo excessivo de gordura trans está relacionado a milhares de mortes por doença coronariana. Mas o que é a gordura trans e como identificá-la nos alimentos? Vamos ajudá-los a entender melhor.

Como surgiram as Gorduras Trans industriais?

Dissemos que elas surgiram, pois foram inventadas pela indústria de alimentos, ou seja, não existem naturalmente nos alimentos. Foram criadas para substituir as gorduras naturais por algo menos perecível e que servisse de base comum para vários produtos. Assim, os óleos vegetais passaram a fazer parte de chocolates e iogurtes no lugar da manteiga de cacau e creme de leite.

A hidrogenação, processo que produz a gordura trans, é utilizada desde 1902 e consiste em uma reação química que solidifica os óleos por meio de adição de gás hidrogênio sob alta temperatura e pressão. Se realizada totalmente, não produz trans, mas tem como resultado uma gordura totalmente sólida. Buscando algo mais versátil na produção, a indústria optou pela hidrogenação parcial.

Essa alteração não é muito tolerada pelas nossas células, tendo efeito deletério na nossa saúde.

Mas foi somente após muitas décadas de utilização do processo de hidrogenação que começaram a identificar os efeitos da gordura trans em nosso organismo: aumento do risco de morte e de doença coronariana. E foi por isso que, em 2003, a OMS alertou que a ingestão dessas gorduras não deveriam ultrapassar 1% do total diário de calorias.

 Onde encontramos as Gorduras Trans:

O problema é que em 2003 as gorduras trans já haviam sido incorporadas nos mais diversos produtos: bolos, sorvetes, comidas congeladas, caldos e temperos, molhos, pipocas, pão de queijo e até no achocolatado. E de lá pra cá, a principal ferramenta que nos protege contra as gorduras trans é a tabela nutricional nos rótulos dos produtos.

A análise atenta do rótulo nos ajuda a fazer escolhas mais saudáveis, porém não adianta muito quando o objetivo é restringir o consumo de gordura trans por toda a população. Além disso, a legislação atual permite que o fabricante declare como “não contém gorduras trans” quando a quantidade for menor que 0,2g por porção do alimento. O problema é que o produto pode levar em consideração uma porção de 30g, porém se for um biscoito, por exemplo, é provável que o consumidor coma o pacote inteiro e, assim, estará ingerindo quantidade significativa de gordura trans.

Conseguiu entender a importância da nova Resolução da Anvisa que proibirá o uso de gorduras trans?

Até 2023, ainda temos um longo percurso de adaptações por parte da Indústria. Nosso dever como consumidor é prezar pelo seguimento da resolução e torcer para que não surja um novo ingrediente da gordura trans que atrapalhe nossos planos de preservação da nossa saúde.

Até lá, seguimos atentos aos rótulos dos produtos que consumimos e, sempre que possível, preferindo o consumo de alimentos in natura e preparações culinárias, feitas em lugares de confiança.

Para ler a Resolução na íntegra, acesse aqui.