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Cultura: Literatura
Cultura: Literatura

Semana Literária chega ao fim marcada pela diversidade de experiências

No sábado, dia 22, em Curitiba, crianças foram contempladas com o lançamento da Coletânea Sesc de Contos Infantis. Dezenas de livros foram distribuídos gratuitamente e autografados pelos autores, que tiveram suas histórias publicadas a partir de uma seleção promovida pelo Sesc Paraná. Entre as narrativas está “Maria Clara na Graciosa”, de Ana Welter, que conta a história de uma menina que viajou de Curitiba até Morretes e Antonina e conheceu um pouco da paisagem, história, fauna e gastronomia local.

Para os jovens, o destaque do dia foi o reforço na preparação para o vestibular, com pocket aulas sobre livros cobrados na prova da Universidade Federal do Paraná. As obras exploradas foram “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, e “Os Corpos Dóceis”, parte do livro “Vigiar e Punir”, de Michel Foucault.

Os vestibulandos, acompanhados de adultos e idosos, puderam curtir ainda uma viagem pela história do Brasil através dos clássicos da música popular brasileira que marcaram o século XX. O casal Estela e Eduardo contou que estava só de passagem pela feira quando foi “brindado com essa aula maravilhosa”, conduzida pela professora e cantora Luciana Salles Worms.

“É esplêndido como ela conseguiu juntar as canções, a história e toda a função dos artistas com o passar dos anos num contexto social”, afirma Estela.

Sexta-feira

O penúltimo dia da Semana Literária teve muita música, literatura e diálogos com os participantes. O violonista Rafael Altro conduziu uma homenagem a Milton Nascimento, apresentando a obra do cantor e compositor de modo instrumental. “Maria, Maria”, “Canção da América”, “Cálice” e “Coração de Estudante” foram algumas das canções que embalaram o público. O grupo Pecora Loca trouxe para a Praça Santos Andrade um repertório com recitação, tradução, musicalização e performance de poemas greco-romanos e de canções do período moderno em outras línguas.

Também na sexta-feira, a literatura foi tratada de forma interdisciplinar. As atrações conferiram o caráter híbrido que rodeia diversos gêneros literários, que por vezes se misturam, se completam ou ainda inspiram novos processos criativos.

No diálogo com a escritora e tradutora Luisa Geisler, mediado pelo professor Alexandre Nodari, os processos criativos da escritora foram explorados pelo público. Nomeado de ‘realismo esquisito’ pela própria autora, Luisa Geisler falou sobre a composição de suas obras e o hibridismo de gêneros que as permeiam. “Tudo se torna uma grande ficção” afirma Luísa, que explicou como se apropria de conversas alheias como inspiração para suas construções. “A flexibilidade factual como trabalho ficcional me interessa”, ressaltou. Para ela as banalidades cotidianas revelam muito sobre as pessoas e a ajudam a compor seus personagens. Tendo o humor como aliado para trabalhar até mesmo com temas mais pesados, ela admite que tem um “senso de humor meio mórbido”, mas acredita que isso é uma forma de “relaxar tensões” para tratar alguns assuntos.

Dentre os autores destacados, Débora Opolski apresentou a obra ‘O Som do filme. Uma introdução’, primeiro livro da coletânea ‘Sonoridades do Audiovisual’, planejada em 10 volumes com “o objetivo de criar um material didático para quem produz som”. A edição foi organizada por Rodrigo Carreiro. Segundo a autora esse primeiro volume introdutório é um “trabalho chave para início de uma produção escrita sobre som no audiovisual”. Débora Opolski defende a necessidade de uma padronização metodológica de trabalho. O segundo livro terá a temática ‘Diálogos’ e faz parte de uma etapa de sua tese de doutorado.

Roberto Gomes trouxe algumas obras de destaque nos seus 40 anos de trajetória na literatura. Escrevendo desde os 16 anos, ele diz que “Escrever não é vocação nem profissão. É danação! ”. Publicou 17 livros entre poesia, conto, romance, infantil e ensaio, dos quais ele destaca ‘Alegres memórias de um cadáver’ (1977), pela narrativa em contestação ao período da ditadura no Brasil, “pelo momento do país, o prêmio que ele ganhou e minha história pessoal” complementa o autor, que foi premiado pela União Brasileira dos Escritores/São Paulo, por essa obra.

A escritora e letrista Etel Frota apresentou duas obras de destaque. Uma revista com CD ‘Tao do Trio canta Etel Frota’, com letras e poesias de Etel musicadas em parcerias com outros artistas, e ‘Herói Provisório’, primeiro romance de ficção da autora. A narrativa é baseada em um episódio real da história paranaense e exigiu 14 anos de pesquisa de personagens que vão de padres a heróis de guerra, e de cenários da baia de Paranaguá a conventos em Portugal.

A literatura infantil também teve espaço nos lançamentos Adélia Maria Woellner trouxe um livro de colorir chamado ‘Amigos Bichos’. Adélia trabalha com literatura infantil há 20 anos e destaca que a narrativa deste novo trabalho é inspirada em acontecimentos reais com os animais da chácara onde ela vive. “Por mais esquisitas que sejam, são histórias reais. Eu conto o que eles fazem e como eles vivem”, diz a escritora.