Cuidado, não cheguem muito perto. Em sonho, pesadelo, delírio ou nas páginas de um livro, Ademir Assunção é um escritor que morde. Qual é a força da mordida do tubarão-branco? Eu não sei, mas a mordida do Ademir Assunção é maior. E agora esse adorável predador da selva paulistana aliou-se a um desenhista que também morde. Qual é a força da mordida do crocodilo do Nilo? Eu não sei, mas a mordida do Sandro Saraiva é maior. Tem leitor que só respeita literatura espichada, leituras longas, às vezes exaustivas. Eu confesso que a experiência me ensinou a ter medo tanto de romances de mil páginas quanto de um soneto. Um haicai. Um epigrama. Um aforismo. Um conto de palavras poucas, certeiras. A questão não é a extensão, meus amores, mas a índole. Literatura domesticada não late nem morde, não importando o número de palavras. Os textos e os desenhos reunidos nesta minicoletânea, ao contrário, nasceram e viveram nas ruas, nos becos; de mansinhos e domesticados não têm nada. Cuidado, se vocês tentarem fazer um carinho, ficarão sem a mão, isso eu garanto. (Nelson de Oliveira)
Neste evento, Ademir lançará seu mais recente livro: ESPELHOS. Além disso, o público contará com uma Mostra especial de poemas cinéticos do autor.
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Ademir Assunção (1961) é poeta e jornalista. Publicou 14 livros de poesia, contos, romance e jornalismo, entre eles A Voz do Ventríloquo (Prêmio Jabuti 2013), Pig Brother (finalista do Prêmio Jabuti 2016), Ninguém na Praia Brava, Adorável Criatura Frankenstein, Zona Branca, LSD No e Faróis no Caos. Tem poemas e contos traduzidos para o inglês, espanhol e alemão, publicados nos EUA, Espanha, Argentina, México, Peru e Alemanha. Gravou os cds de poesia e música Viralatas de Córdoba e Rebelião na Zona Fantasma. Letrista de música popular, tem parcerias gravadas por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Titane, Patrícia Amaral e Ney Matogrosso. Jornalista profissional há mais de três décadas, trabalhou como repórter e editor em grandes jornais e revistas do país, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Marie Claire. Idealizador e curador da exposição Leminski: 20 Anos em Outras Esferas, sobre a obra do poeta curitibano, no Instituto Itaú Cultural. É um dos editores da revista literária Coyote.