Dono de uma linguagem quente, que refletia o cotidiano dos invisíveis e dos marginalizados, Rubem Fonseca foi um autor ímpar: combinando o olhar aguçado de Lima Barreto e a construção narrativa meticulosa de Machado de Assis ao tom policialesco de Dashiell Hammett e Raymond Chandler.
Morto em abril de 2020, Fonseca ajudou a projetar a literatura policial brasileira a um nível inédito de prestígio por parte do público e da crítica. Recebeu seis vezes o Prêmio Jabuti – o mais importante galardão brasileiro –, em 2003, foi laureado com o Camões – o maior reconhecimento literário em língua portuguesa –, além de ter sido agraciado com o Prémio Casa de las Américas, o Prêmio Machado de Assis, e duas vezes com o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Para criar um itinerário possível pela obra de Rubem Fonseca, o Sesc PR escolheu cinco livros que ajudam a guiar novos leitores por esse vasto e intenso universo.
O Caso Morel (1973)
Primeiro romance de Fonseca, o livro narra a história de Paul Morel, preso por um crime que afirma não ter cometido. Na outra ponta do ringue, o escritor Vilela que observa e descreve aquilo que vê. O Caso Morel é um suntuoso romance que entrelaça narrativas e leva o leitor pela mão à uma grande casa de espelhos.
Feliz Ano Novo (1975)
Fonseca foi, sem dúvida, um mestre do conto. Adepto inveterado da narrativa curta, o escritor ajudou a criar a estética do gênero no Brasil. Por isso, Feliz Ano Novo pode ser considerado um dos seus livros mais importante e um reflexo certeiro da sua escrita talentosa e cheia de vertigem. Os textos que formam o livro, como disse Miguel Sanches Neto, consolidaram Rubem Fonseca como autor-resumo do Brasil.
O Cobrador (1979)
Livro-síntese da bibliografia do escritor carioca, O Cobrador revela ao leitor um mundo escondido sob o verniz das convenções sociais, criando personagens cada vez mais inquietantes e ousando, e dinamitando os limites da narrativa.
Buffo & Spallanzani (1986)
Típico romance policial, Buffo & Spallanzani é uma das obras-máximas de Rubem Fonseca. A partir da morte misteriosa de Delfina Delamare, uma mulher conhecida na alta sociedade carioca, um investigador se vê em uma imensa rede de intrigas.
Agosto (1990)
Romance visceral, Agosto coloca em paralelo ficção e realidade, criando um grande jogo de dados entre sorte e história. Partindo de fatos reais, Rubem Fonseca usa uma investigação policial corriqueira para desembocar em uma trama cujo limite da verdade é colocado em xeque a cada página.