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Literatura em casa
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Como começar a ler João Cabral de Melo Neto

Em 2020 celebramos o centenário de João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999), um dos nomes mais importantes da poesia brasileira. Cabral foi um poeta ímpar, dono de uma capacidade singular de descrever o mundo e as pessoas ao seu redor. Sua estreia, por meio da poesia surrealista, já anunciava um autor de grandeza e talento.

Para celebrar essa data especial, o Sesc Paraná selecionou cinco obras que formam um itinerário para conhecer a obra de João Cabral de Melo Neto.

Morte e vida Severina (1955)

Sem dúvidas obra-chave da literatura de João Cabral, Morte e vida Severina é a representação do drama do migrante sertanejo, que viaja às capitais em busca de uma vida mais digna. É interessante pensar que, para além desse debate ético sobre a desterritorialização da população sertaneja, Morte e vida Severina tem um diálogo intenso com outro importante trabalho do artístico brasileiro: o quadro Os Retirantes (1944), de Cândido Portinari (1903 – 1962), que – à mesma maneira – investiga as agruras daqueles que precisam deixar a sua terra.

Pedra do sono (1942)

Primeiro livro do escritor, Pedra do sono escancara as relações de João Cabral de Melo Neto com o movimento surrealista que, à época, reinventava as artes em suas múltiplas linguagens. Se Morte e vida Severina é de um realismo desconcertante, Pedra do sono se apossa de temas oníricos e revela a obsessão do jovem poeta pelo limite entre o sono e a vigília.

O Rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à cidade do Recife (1953)

A dois anos de publicar sua obra-prima, em O Rio Cabral já esboçava os temas populares com os quais se ocuparia em Morte e vida Severina e busca uma investigação bastante íntima da relação da cidade do Recife com o Capibaribe, criando cenários regionalistas e realistas, a partir das ideias de aridez e fartura.

A Educação pela pedra (1966)

Os poemas que compõem o livro apresentam um poeta maduro cuja agudeza demonstra uma percepção pessoal e original. Ao mesmo tempo, os poemas que dão forma à obra colocam João Cabral em uma rota que transita entre Pernambuco e uma espécie de não-lugar.

Quaderna (1960)

Quaderna, ainda que deixado de lado ao se tratar dos grandes livros de João Cabral, é uma obra muito singular. Colocando lado a lado a ideia do amor romântico e os temas sociais que pontuam a poesia do pernambucano, a coleção de versos é uma mergulho no vasto oceano poético de Cabral, que consegue se recriar a partir do olhar sobre o outro e sobre o espaço urbano.