18/07/2025 | 19h às 20h
Sesc Londrina Cadeião
A presença do café no Brasil foi contada não apenas nos livros de história, mas também em romances, contos e novelas, músicas e poesias. Mas, diferente de outros “romances regionalistas”, o “romance do café” não produziu grandes obras conhecidas nem consagrou literatos e artistas. No entanto, ele foi escrito, é lido e é tão antigo quanto as primeiras lavouras de café do país.
As primeiras histórias se passam em antigas fazendas do Sudeste, retratando a vida sob as plantações que começaram ainda durante a monarquia escravista. Depois, avança por novas terras, passa pela urbanização da Primeira República, deixando atrás de si um cemitério de cidades mortas. E vai além, registrando o último brilho do “ouro verde” anos após a Segunda Guerra.
O “romance do café” obedece às características do romance regionalista, retrata os costumes rurais, as tradições e valores do campo, os tipos sociais, descreve paisagens, idealiza heróis. Mas também faz críticas, mostra a violência dos senhores, a luxúria dos burgueses e aristocratas, o oportunismo do capitalista. Olha a pobreza, o sonho iludido, a realidade amarga que se esconde sob a sobra dos cafezais.
É um pouco desta trajetória que a palestra irá tratar. O objetivo é firmar a ideia de que houve sim um “romance do café”, tal como o “romance da seca”, o “romance da borracha”, o “romance do cacau” e outros que, ao tratar das respectivas realidades regionais, também compuseram o drama das grandes monoculturas, com suas tragédias e esperanças.
Prof. Dr. Rogério Ivano, trabalha no Departamento de História – UEL.