04/12/2025 | 19h às 21h
Sesc Londrina Cadeião
O café é um tema universal, mas sua complexidade científica e social é pouco explorada no ensino tradicional. A professora e pesquisadora Barbara Avanzi traz a urgência de democratizar o conhecimento, transformando um produto cotidiano em uma ferramenta pedagógica que une ciência, história e crítica social.
Em Londrina, cidade marcada pela cultura cafeeira, o café não é apenas uma bebida: é um símbolo que carrega memórias do solo roxo, ciclos econômicos e desigualdades históricas. A atividade combina degustação sensorial, experimentos práticos e reflexão crítica para mostrar como um grão de café ensina química, física, geografia e sociologia.
A dinâmica começa com uma conversa sobre o passado cafeeiro de Londrina, usando grãos crus e torrados para explicar a reação de Maillard (processo químico que dá cor e sabor ao café). Em seguida, os participantes degustam cafés preparados de quatro formas diferentes (coador, prensa francesa, cold brew e cafeteira italiana), comparando sabores e relacionando-os a conceitos como extração, temperatura e pressão.
A relevância está na interdisciplinaridade prática. Enquanto a química explica a reação de Maillard (responsável pelo sabor e aroma do café torrado), a geografia revela por que o solo de Londrina foi ideal para seu cultivo, e a sociologia questiona por que o café gourmet é inacessível para muitos. Essa abordagem integrada permite que participantes de diferentes formações — estudantes, professores ou comunidade — compreendam que o saber não está fragmentado, mas interligado no cotidiano.
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Bárbara Bertoncini Avanzi é uma educadora londrinense com trajetória marcada pela paixão em transformar a ciência em algo tangível e acessível. Formada em Tecnologia de Alimentos pela UTFPR e licencianda em Química, sempre enxergou na educação pública uma ferramenta de transformação social — herança de uma família de professoras, incluindo sua avó e mãe. Durante a graduação, dedicou-se à pesquisa na Embrapa, onde contribuiu para estudos sobre a qualidade da soja brasileira, publicando artigos científicos. Apesar de ter iniciado um mestrado em Alimentos, optou por seguir o caminho da sala de aula após a pandemia, motivada pelo desejo de impactar vidas diretamente. Hoje, como professora do curso técnico em alimentos, prioriza a interdisciplinaridade, mostrando como a química, a microbiologia e até a política estão presentes no prato de cada dia.