Especialista em criminologia e em true crime, a escritora Ilana Casoy conversou com o público do Sesc Geek Literacon, neste sábado (29), no Sesc da Esquina, em Curitiba, sobre as complexidades e desafios éticos de trabalhar e narrar histórias de crimes reais, especialmente de serial killers.
Em um bate-papo mediado pelo analista de cultura do Sesc PR, Gabriel Camargo Onesko, Ilana – que dedica-se a rigorosas pesquisas de assassinatos, colaborando, inclusive com o Ministério Público, advogados e Polícia Civil e Técnico-Científica –, alerta para a responsabilidade e sobre os cuidados éticos necessários ao abordar casos criminais, tanto na pesquisa quanto na ficção, pontuando para os riscos da romantização e da distorção da verdade, refletindo sobre o impacto na sociedade e nas vítimas. Ela ainda pontua que é crucial não atribuir crimes complexos à loucura, defendendo que é raro doentes mentais cometerem crimes em série. “Corremos o risco da romantização da maldade, ou do que é pior, transformá-la em loucura. Milenarmente, na nossa cultura, aquilo que não entendemos atribuímos à doença mental. Neste universo de crimes, é muito raro um doente mental cometer crime em série, é mais comum um crime em massa”, revela.
Foi lembrado do caso emblemático da socialite brasileira Ângela Diniz, morta em 1976, cujo caso se tornou um marco na luta contra a violência de gênero no Brasil. Assassinada a tiros pelo namorado, a defesa utilizou a tese de legítima defesa da honra. O debate trouxe à discussão que as séries e filmes podem educar o público sobre procedimentos forenses, mas também correm o risco de romantizar a maldade ou distorcer a realidade . No caso de Ângela Diniz, a ficcionalização pode gerar novos debates, como por exemplo, os crimes de honra, feminicídio, impactar o judiciário, mas também pode submeter a vítima a novos julgamentos midiáticos.
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