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Cultura: Exposição
Cultura: Exposição

Exposição Retratos Relatos: A arte como forma de enfrentar a violência e transformar realidades

Até o dia 28 de maço, o público pode vivenciar, no Sesc Centro, a exposição Retratos Relatos – Subvertendo a Dor, da artista visual Panmela Castro. A mostra, que já percorreu diferentes territórios do Brasil, é uma celebração de resistência e superação de mulheres que enfrentaram o machismo e a violência. Por meio de pinturas que retratam essas mulheres, Panmela oferece um olhar profundo sobre a luta feminina, contando não apenas histórias de dor, mas também de força, resiliência e superação.

A exposição conta com um conjunto de dez pinturas, cada uma representando uma mulher de diferentes regiões do Brasil, que compartilham suas histórias de enfrentamento da violência doméstica. Entre os relatos que compõem a mostra está o de Marta Leiro, moradora da periferia de Salvador, que superou um longo relacionamento abusivo. Hoje, Marta utiliza seu testemunho para apoiar e acolher outras mulheres que vivem situações semelhantes.

No último dia da exposição, 28 de março, a programação contou com uma visita mediada às 14h30, seguida de um bate-papo às 19h30 com a artista Panmela Castro e a curadora Maybel Sulamita, abordando as histórias por trás das obras e o impacto da arte como ferramenta de transformação social. Durante o evento, Panmela compartilhou a missão do projeto: “A arte tem o poder de transformar, de gerar reflexão, e essa exposição não é apenas para denunciar, mas para prevenir, acolher e provocar mudanças na sociedade”. A artista destacou que as pinturas não têm apenas o objetivo de mostrar as histórias de dor, mas também de exaltar a luta dessas mulheres, que representam diversas formas de resistência.

Em conversa com o público, Panmela ressaltou a importância de discutir as várias formas de violência enfrentadas pelas mulheres, como a psicológica, patrimonial, política, e estrutural. “A violência psicológica é uma das mais difíceis de identificar e combater. Ela está impregnada no nosso cotidiano, muitas vezes normalizada pelo machismo e pela misoginia. A sociedade precisa mudar a forma como vê a mulher, precisa reeducar seus valores”, afirmou.

A curadora Maybel Sulamita complementou: “Cada uma dessas mulheres traz um aprendizado importante sobre como se reerguer e transformar a dor em luta. A obra de Panmela faz com que essas histórias alcancem muitos lugares, com a intenção de tocar o coração das pessoas e provocar mudança”.

A exposição foi pensada não apenas como um espaço de arte, mas como uma ferramenta educativa e de sensibilização. “A arte tem um poder imenso de alcance. Não é só sobre beleza, é sobre refletir, educar, transformar. Esperamos que essas pinturas levem uma mensagem de força, coragem e a ideia de que a luta contra a violência precisa ser de todos”, concluiu Panmela.

Ao longo da conversa, também foi destacado o papel de políticas públicas, como a Lei Maria da Penha, e a importância de canais de apoio como o Link 180, que fornece assistência a vítimas de violência doméstica. “A Lei Maria da Penha é um passo fundamental, mas precisamos ir além da punição. Precisamos mudar a mentalidade da sociedade e garantir que as leis sejam cumpridas e que as mulheres se sintam protegidas e acolhidas”, enfatizou a artista.

Com o objetivo de rodar o país e levar a mensagem de empoderamento e prevenção, a exposição tem tocado corações e mentes em cada lugar por onde passa. “Espero que, com essa exposição, possamos ajudar a transformar a sociedade, trazendo à tona um debate importante sobre a luta pela igualdade e a erradicação da violência”, afirmou Panmela.