Esta é uma “Capa Ideal Renner”, chamada também de capa de tropeiro ou capa de cavaleiro e é datada do início do século XX. Este é um item original e sem uso que foi fabricado pela empresa A.J. Renner, fundador da rede com o mesmo nome e pioneiro na fabricação de capas inspiradas no poncho gaúcho a partir de 1911. Desde sua origem, a Capa Ideal foi muito utilizada por caixeiros viajantes e tropeiros, sendo posteriormente utilizada também como “uniforme de campanha” devido a sua proteção eficaz contra o frio e chuva.
Este item retrata um forte movimento histórico-social do sul do Brasil que começou no século XVIII e teve seu ápice no século seguinte: o tropeirismo. Os tropeiros foram condutores de gado e de mercadorias que atravessavam longos percursos para comercializar seus produtos na Feira de Sorocaba, em São Paulo. Apesar desta atividade ser mais pronunciada no Sul do país, o tropeirismo também envolveu o Sudeste e o Centro-Oeste brasileiro, contribuindo para a formação de inúmeros povoados ao longo do percurso percorrido pelas tropas. Os pontos em que os tropeiros paravam para descansar e comercializar suas mercadorias acabaram se tornando pequenos povoados, contribuindo de modo decisivo para o desenvolvimento das regiões por onde passaram.
Já a delicada caneta tinteiro com pena de cristal, também deste período, podia ser utilizada para marcar pedidos durante as atividades de trabalho. A capa de tropeiro e a caneta tinteiro foram doadas pelo Dr. Carlos Alberto de Sotti Lopes, diretor regional do Sesc Paraná. Tanto a capa de tropeiro como a pena de cristal pertenceram ao Sr. Emílio Wernecke, sogro do doador, que exerceu a função de vendedor e inspetor de vendas da empresa Souza Cruz por mais de trinta anos. Pela natureza de sua atividade, que se iniciou em 1935 e perdurou até o fim dos anos 60, o deslocamento por toda a região Sul não apenas era constante como também desafiador, considerando as características de transporte e logística daquela época.