Curta-metragem: Errata: novo epílogo

É quase uma obviedade dizer que ser mulher não é fácil. A luta das mulheres avançou e conquistou alguns direitos nas últimas décadas, mas nada que torne possível reparar séculos e mais séculos de sofrimento e exploração. A desigualdade ainda é imensa, apesar da evolução humana mostrar-se em algumas áreas, não se pode considerá-la no quesito moral e social referente aos direitos das mulheres. Em 53 anos de existência, Cris se equilibrou muitas vezes em cima do salto, de diversas formas. Aqui, a metáfora do salto fala sobre o esforço exaustivo de sempre fazer mais, ter que ser melhor por não ser ou se sentir suficiente, ter que estar sempre impecável e dentro dos "padrões" impostos, o que pode ser ainda mais cruel quando seu instrumento de trabalho é o corpo e a imagem. Estas realidades podem ser consideradas normais, pois assim estão estabelecidas há muito tempo. Mas para Cris, elas não representam a ordem do que é natural, nos afastando de nossas essências enquanto parte integrante da natureza, e não donos, senhores ou predadores. Cris adentra a floresta de um jeito, e vai abrindo caminhos entre o mistério da vida "natural" e as construções humanas, e este percurso é também realizado dentro dela, nas profundezas de sua natureza. É necessário muito autoconhecimento, consciência para libertar-se das amarras sociais que podam existências e subjetividades e para desconstruir-se e vir a ser tão livre quanto possa.