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Paraná
Saúde e Alimentação: Campanhas,  Espaço Sesc Saúde
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Transtorno do Espectro Autista é abordado pelo Sesc PR durante live

Conhecido pela sigla TEA, o Transtorno do Espectro Autista engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico. Atento ao assunto, o Sesc PR promoveu um debate on-line no dia 18 de fevereiro, pelo seu canal no Youtube.

Com mediação da técnica de atividades do Sesc da Esquina, Fernanda Rossa, o encontro reuniu a médica neurologista pediátrica, Benaia Silva, mestranda pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Saúde da Criança e do Adolescente com ênfase em TEA, e duas mães de filhos que estão no espectro autista, Carolina Valomin e Adriana Czelusniak.

A proposta da live é traçar um panorama sobre o TEA, como um dos transtornos psicológicos da infância -temática da Campanha de Saúde do Sesc proposta para o mês de fevereiro. Isso porque até o ano passado, em 18 de fevereiro era comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Asperger. “A Síndrome de Asperger era uma classificação antiga. As pessoas dentro do espectro autista que não tinham atraso de fala, não tinham deficiência intelectual ou atraso de desenvolvimento associada eram caracterizadas com essa síndrome. Essas pessoas acabavam tendo um diagnóstico tardio e dificuldades na adolescência e vida adulta. Com o novo CID 11 (Código das Doenças Internacionais), em vigor desde 1º de janeiro deste ano, essa classificação foi abolida”, pontuou Benaia Silva.

De acordo com a médica, atualmente o TEA é classificado em três níveis. “É importante ressaltar que o espectro autista não é uma doença, é um transtorno de desenvolvimento. O diagnóstico é baseado em alguns pilares que incluem atrasos de comunicação, interação social, interesses restritos e padrões repetitivos de comportamento iniciados na infância”, pontua.

Mãe do Gabriel, de 16 anos, Adriana Czelusniak, percebeu os primeiros sinais quando o filho ainda era bem pequeno. “Naquela época não era como hoje. Ele passou por vários médicos, exames, até que um tempo depois veio o diagnóstico. Por sorte ele já vinha sendo acompanhado por uma clínica especializada em TEA, e esse olhar multiprofissional nos orientou e teve toda a intervenção necessária”, conta.

Foi a partir do diagnóstico da filha, Maria Fernanda, que Carolina Valomin descobriu ser uma mulher autista. “Ela demorou para falar e, também, não tinha muito interesse em brincar com outras crianças, tinha uma fixação com o dedo, mas as pessoas que conviviam diziam: ‘tem crianças que são assim mesmo. Vai crescer e vai melhorar. Até que o quem e chamou atenção foi uma criança pacata ter apresentado comportamento violento. Foi quando eu comecei a pesquisar. Quando estávamos investigando e eu conhecendo um pouco mais sobre o espectro eu falava ‘nossa, isso acontecia isso comigo também’. Fui até uma clínica psiquiátrica, fiz os testes e o meu diagnóstico saiu alguns meses depois ao daminha filha, em 2019”, relata.

Ela conta que receber o diagnóstico já adulta foi um misto de sentimentos. “Se eu tivesse visto antes aminha vida poderia ter tomado outro rumo. O tanto de dificuldades que eu tive e o tanto que ainda preciso superar. Hoje o saldo é positivo. Tento ajudar outras pessoas a se descobrirem também. Transformar a minha história em uma coisa boa”, conta.

A neuropediatra explica que atualmente o foco está no diagnóstico precoce, para que as pessoas não tenham comprometimentos a longo prazo. “Oque nós observamos é que há uma escassez de profissionais para atender tanto o diagnóstico na infância, na adolescência. Na vida adulta e idosa é ainda mais difícil. Cada fase do desenvolvimento tem uma demanda e o tratamento é muito individualizado, por isso é importante traçar um plano de intervenção o quanto antes e que atendam essas especificidades”, observa a especialista.